domingo, 20 de janeiro de 2013

A Lei do Eterno Retorno de Nietzsche

“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência – e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!“ Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: “Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?”
¹
Realmente seria muito aterrorizante levar o que Nietzsche
disse, palavra por palavra, frase por frase, tudo ao pé da letra.
Vejo que textos assim devem, e são, absorvidos de maneira individual, já que ninguém é igual a ninguém.
Então farei uma pequena contribuição sobre o assunto.
Na minha concepção, toda essa história de que seus atos, em sua vida, se repetirão eternamente do mesmo jeito e que isso irá te triturar - para o todo sempre, amém - é muito radical.
Certo fato pode até se repetir e, no geral, ser considerado o mesmo, mas não será exatamente a mesma experiência. Primeiro porque podemos ter diversas situações iguais ao longo de nossas vidas, mas com pessoas diferentes, o que já não a tornaria a mesma. E segundo porque, conforme vivemos determinada situação, caso haja um retorno no futuro dela mesma, o modo como receberíamos essa “informação” não seria igual. O mesmo aconteceria para uma terceira, quarta vez, assim por diante.
Além desta visão um tanto semiótica, percebo no trecho características utilizadas em muitas filosofias de vida e religiões.
Vamos analisar o trecho abaixo:
"[...] a pergunta diante de tudo e de cada coisa: Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! [...]"
Lembrando tudo o que diz a lei sobre o retorno num momento eterno, as ações teriam um enorme peso para serem tomadas, já que ninguém quer ter a decisão errada e revivê-la eternamente.
Desconstruindo um pouco essa interpretação, podemos criar o seguinte pensamento: se não quero tomar a decisão errada, tenho que me colocar no lugar da outra pessoa. Chegaríamos então na famosa frase “Não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você” que consequentemente nos levaria à passagem bíblica de Marcos, que diz “Amar o próximo como a ti mesmo”².
A terceira Lei de Newton diz que "Para toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade [...]", ou seja colher o que foi plantado. Viver é isso, melhor ainda se tivermos que reviver coisas boas.
Sabemos que a vida é uma sucessão de ciclos, mas não será necessariamente esse eterno retorno que nos fará iguais para sempre.

¹ Livro A Gaia Ciência de Friedrich Nietzsche
² Bíblia: Marcos, Capítulo 12, Versículo 33

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sala de espera


Preciso de um amor.
Daqueles de apenas um olhar e com frio na barriga, que seja misterioso para que se tenha sempre algo novo a descobrir, mas que o conheça tão bem para saber seus pensamentos.
Preciso de uma pessoa que seja como eu, não quero um oposto que me atraia. Quero ter com quem me identificar e passar o tempo ao seu lado.
Quero alguém que tire o tédio dos meus domingos. Que me leve ao parque e tomemos sol no rosto enquanto fico deitada em seu colo e façamos nada, absolutamente nada. Quero que o ócio seja nosso melhor amigo para apenas aproveitarmos o momento juntos, talvez sentir o calor um do outro misturados ao sol, ver as nuvens passar diante de nós e que elas sejam testemunha de que somos, do que fomos...
Preciso de alguém sensível, que goste de fazer coisas que ninguém mais gosta, pois são estas pessoas que temos o prazer de entender como funcionam suas mentes, temos a vontade em ficar sempre por perto e o questionamento de saber o que vem depois, depois e depois...
Alguém diferente de todos que conheço. Quero o questionador que vê as coisas de outra perspectiva. Alguém que sempre sorri, mas sabe ser sério.
Preciso de alguém que saiba valorizar o silêncio, pois este é o maior bem que podemos ter a usufruir, preciso de alguém que ame os livros e veja neles fontes inesgotáveis de motivação e assim apenas continue...
Quero alguém que seja sincero consigo mesmo, que ao final do dia faça um balanço de tudo o que viveu e aprendeu.
Preciso de alguém que salve as pessoas de si mesmas e tenha paixão pelas artes.
Só espero que ele procure alguém que o queira como é.
O que se espera nunca vem, mas o merecido virá.
E sem medo.